Recado de uma pomba ao Supremo Tribunal
Dona Pomba, certo dia,
Ao romper-se de um casal
Decidiu que bem faria
Construir a moradia
No Supremo Tribunal
E ficou bem arranjada
Quando enfim pôs tudo em pé
Porque fez sua morada
Numa casa que é sagrada
Disso tinha muita fé
Mas lhe veio a filharada
Com a casa desprovida
Mesmo assim foi sossegada
E saiu bem animada
À procura de comida
Eis que surge uma serpente
Bicho feito de pecado!
Passa tudo pelo dente
Quando sai fica somente
Um barraco abandonado
Ao se ver violentada
Cai a pomba no lamento
Grita e geme desolada
Porque sabe: não há nada
Que lhe estanque o sofrimento...
“Não se abale companheira”
Lhe consola, Seu Pardal
“Pois não é nem a primeira
Isso é coisa corriqueira
Meu destino foi igual”
“Não é pelo próprio mal
Esse choro que me atiça
É que o pobre em geral
Crê que neste tribunal
Deveria haver justiça”
(...)
Isso é fato comprovado
E lição da mais sincera
Fica o povo revoltado
Quando o crime e o pecado
Vem de onde não se espera
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