O CRIME DA RAPOSA
A raposa só de andar
Já se vê denunciada
“Pois roubou ou vai roubar”
Põem-se todos a gritar
“Peguem essa desgraçada!”
“Ela mesma quem levou
Essa escova do leão”
O macaco assim bradou
E o lagarto piorou
O teor da acusação
“Foi lá pelo mês passado
Que tal crime ocorreu
Pois eu tinha reparado
Que depois de consumado
A raposa se escondeu”
“Mas está mesmo enganado”
A raposa quis falar
“Como posso ter roubado
Se por todo mês passado
Eu me pus a viajar?”
“E a quem tinha visitado”
Indagou o elefante
“Um tio meu lá do cerrado
A cem léguas desse estado”
Respondeu bem confiante
“Pois roubou para fugir
Com o pelo penteado
Não precisa mais mentir
Pois daqui só vai sair
Num caixão mui bem lacrado”
Foi assim que o julgamento
Se encerrou numa sessão
Todos em consentimento
Deram nesse ajuntamento
A seguinte decisão
“Morte para condenada!”
Foi então o veredito
E de chute e de paulada
Que a raposa vitimada
Morreu como fora dito
Tal escova, pois, no fim
Deu em outra discussão
Resolveram tudo, enfim,
Que fariam bem assim
Devolvê-la ao rei leão
E ele não quis receber
Pois a sua era mais nova
Mas, contudo, foi dizer:
“Condenado tem que ser
Quem condena sem ter prova!”
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