A DEMOCRACIA DOS PARDAIS
Houve um tempo em que os pardais
Tal regime possuíam
Nos assuntos mais gerais
Debatiam como iguais
Dessa forma se entendiam
Era assim que procediam
Conduzindo a sociedade
Que de tudo quanto tinham
Entre todos dividiam
Na justiça da igualdade
E atingiram tal grandeza
Que nem um nem outro mal
Nem aquele da pobreza
Nem tampouco o da riqueza
Afligia um só pardal
Porém, todos já sabiam
De um problema entre os pardais
Nos debates que seguiam
Alguns não reconheciam
Que deviam ser iguais
Quase sempre reclamavam
De tão longas discussões
E os debates se acirravam
Muitas vozes já clamavam
Por haver transformações
Quando enfim se convenceram
De que haviam de mudar
Entre todos escolheram
E por voto elegeram
Alguns para governar
“Todos fiquem descansados”
Um eleito foi falar
“Que os esforços conjugados
Serão bem remunerados
Nada assim lhes vai faltar
“E os debates demorados
Não serão mais como agora
Pois que fiquem liberados
Sintam-se representados
Estão livres da demora
“Tanto tempo há de sobrar
Que terão o dia inteiro
Assim podem trabalhar
Deem o tempo e vamos dar
Tudo em troca de dinheiro
“Porque em nossa sociedade
Tudo pode ser comprado
Pois terão mais liberdade
E o direito à propriedade
Lhes será sempre sagrado”
Tal discurso aplaudido
Em enorme euforia
Foi por todos repetido
Que ficou bem resumido
E virou “Democracia!”
Quando um rico percebia
Vendo o povo descontente
Novamente repetia
“Lembrem que a democracia
É melhor pra toda gente”
Longos anos se passavam
E os pardais assim seguiam
Muitos tanto trabalhavam
Para os poucos que mandavam
E bem muito enriqueciam
Poucos tinham a riqueza
Em enorme quantidade
O restante, com certeza
Se igualava na pobreza
E no ódio da igualdade
Hoje vivem os pardais
Com esmola e quase nada
Porque assim trabalham mais
Dão volume aos capitais
Na miséria avolumada
Pois a nossa sociedade
Dessa não diferencia
E o ditado é bem verdade
“Sem a busca da igualdade
Não se tem democracia”