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16/06/2012

O LÁPIS VELHO E A CANETA TINTEIRA


O LÁPIS VELHO E A CANETA TINTEIRA
Foi um lápis corroído
Por azar cair ao lado
De uma caneta tinteira
Das mais caras do mercado
E assim brada a presunçosa
Para amiga caderneta
“Esse ao certo desconhece
Qualquer coisa de etiqueta”

O lápis sem se dar conta
Em sinal de cortesia
Inda vira-se de lado
E vai desejar bom-dia

Mas nem mal ele abre a boca
E a caneta vai e cala
“A visão já causa afronta
E essa coisa ainda fala?”
Mesmo sem compreender
O que estavam a falar
Inda assim o velho lápis
Procurou se desculpar

E a caneta, irredutível,
Nem quis lhe dar atenção
“Porque mão que nos segura
Nunca foi a mesma mão 
“O que fala não se escreve
E o que escreve, é certo, apaga
Pois não passa de rascunho
Não se vende… ninguém paga!

“Quanto a mim, sou diferente
Minha tinta é tão durável
Pois enquanto os homens passam
Eu permaneço intocável

“Sigo junta do progresso
E simbolizo a vitória
Se eu ainda inexistisse
Nem existiria História”

Antes que a jovem tinteira
Terminasse o que dizia
A trocaram pela máquina
Para datilografia
O lápis consegue apenas
Dar adeus para caneta
Que hoje jaz bem esquecida
Lá no fundo da gaveta

Rã que um dia vira príncipe
No outro torna a virar rã
E jovens que humilham velhos
Serão velhos amanhã


1 comentário:

  1. Excelente fábula, meu amigo Esopo moderno..!
    Gosto do que escreve, deveria escrever mais..

    Beijos meus

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