Divina Providência
De tempo
bem contado
Se
arrastando... Aos
trancos!
Já quase
que finado
E um
bando de urubus
Que
andava esfomeado
Seguia
bem perto
Do almoço
requintado
Em tão
boa companhia
E o boi
nem ligava
Só tinha
certeza
Que logo
morreria
Por isso
dava adeus
Mas mugir
não mugia
E o bando
de urubus
Que ali
se reunia
Chamava
algum garçom
É que a
dona Morte
Por zelo
ou por capricho
Guardou
sua foice
E não
quis montar no bicho
Mas
ninguém do bando
Sentiu-se
incomodado
Do boi
reservava
Cada qual
seu bocado
Que
doesse a fome
Ninguém
se preocupava
Pois
sabiam que o boi
Dali não
escapava
Como quem
pede ao céu,
Porque
nega a Ciência
Pareciam
clamar
Do céu
veio a chuva
E tão
forte que ela foi
Levou
quase tudo
Porém
todo bando
Sem
pressa de comer
Abriu
suas asas,
Um jovem tucano
Que a
tudo assistia
Olhava os
urubus
Não se
aguentava e ria
Dizia-se
o bicudo,
“Em tudo olham Deus
E enxergam Deus em tudo
Não veem que a chuva
Foi coisa tão normal
Molhou-nos a todos
O que é algo natural”
Contudo,
mesmo assim,
Ninguém
se incomodava
Mesmo a
céu aberto
O bando
todo esperava
De asas estendidas
Como quem
agradece
Depois dá
glória a Deus
A tudo
que acontece
Entendia
a natureza
Sabia,
não foi Deus,
Quem fez
a gentileza
Por isso
decidiu
Pregar
uma lição:
Tirar dos urubus
Aquela refeição
Lá se foi
na frente
E nem mal
tocou no prato
Veio um fazendeiro
O bando
de urubus
Ao final
da confusão
Toda a
gente de fé
Vai tão
irracional
Supõe ver
sempre deus
No mundo natural
Mas há
também ateus,
Piores
que isso até
Por todos têm fies
Supondo
em todos fé
Vão como
o tucano
Sem se
secar primeiro
Morrem na
gaiola,
Vivendo
prisioneiro
O bando
de urubus
Deixou-nos a lição:
Secam se as penas