Ia tão atrapalhado
Um garoto a caminhar
Era tal o seu estado:
Numa vez manca de lado,
Noutra põe-se a tropeçar.
Quase feito quem atua
Muita gente vinha olhar
Mas assim subia a rua,
Só porque uma perna sua
Não parava de mancar
“Um joelho machucado!”
Dois ou três anunciavam.
“O sapato está apertado!”,
Um dizia doutro lado
E os palpites não paravam...
“Estou certo que é torção!”
“Nada... É calo no dedão”
“É espinho o causador”.
Vem um outro que é doutor
E põe fim na discussão.
Ninguém quis nem questionar
Os dizeres do perito:
“fácil cura lhe vou dar
Tire a perna e volta andar”,
Foi então seu veredicto
Pois assim se fez de fato
Açougueiro não se importa
Pega a faca, depois corta
Toda a perna num só ato
Pela pedra no sapato.
São com atos semelhantes
Que nos cortam, governantes