O Leão e o Urubu
O leão fazia tempo
Andava
muito irritado
Toda
vez que punha a mesa
Via
que algo era roubado
Sempre
o mesmo acontecia
Pois em
qualquer refeição
Um
gatuno aparecia
E tirava
uma porção
Mas
foi quando percebeu
O
urubu que era o ladrão
O leão
se encheu de raiva
Quis
pregar-lhe uma lição
E
seria mesmo a última
Que o
urubu teria em vida
Pois
no próximo jantar
Ele
seria a comida
Eis um
plano muito simples
O leão
se fez de morto
Esticando-se
no chão
Sem
mexer nada do corpo
Não
piscava nem os olhos
Nenhum
pelo ele movia
Se
assim fosse necessário
Esperava
todo o dia
Foi um
tempo de demora
E o
urubu se aproximou
Mas
bem perto do defunto
Deu
uma volta e recuou
Pousou
bem num tronco velho
E se
pôs a observar
Como
quem espera a fome
Sem
ter pressa de jantar
Bem
assim permaneceram
O
jantar servido à mesa
O
urubu media o prato
E o
leão de olho na presa
A
visita do urubu
Sempre
foi um mau sinal
Pois
se um deles aparece
É
porque tem funeral
Foi
bem logo que atraiu
A
presença dos vizinhos
E outros
mais que ali passavam
Perto
daqueles caminhos
Ao
saberem que o defunto
Era
mesmo o rei leão
A
notícia se espalhou
E foi
grande a confusão
Todo
bicho que chegava
Ia ali
se amontoando
Todos
bem perto do morto
E
outros mais iam chegando
Mas
ninguém fazia preces
Nem lamento
ou oração
Todo
mundo ali queria
Era só
retaliação
Bons motivos
não faltavam
Alguns
eram parecidos
O leão
tinha matado
Parentes
ou conhecidos
Foi da
zebra a mãe e o pai
Foi do
búfalo um irmão
O
elefante tinha um filho
Que
serviu de refeição
Até
bem exageravam
Os
motivos da vingança
O
tigre falou de um fato
Lá dos
tempos de criança
“Descansou-se
numa sombra
Bem em
cima do meu lar”
Ao
lagarto isso bastava
Para
também se vingar
Uma
cobra reclamava
Da
dentada do leão
Que
lhe foi decapitar
Os dois
pés e até uma mão
A dona
onça reclamava
De um
jantar que ela faria
No
outro mês, mas o leão
Comeu
antes noutro dia
Iam todos preparados
Tinham armas diferentes
Alguns iam com a pata
Outros iam com os dentes
O leão
ao se dar conta
De que
estava ameçado
Não
quis mais nem disfarçar
Rugiu
forte e bem zangado
Todos
os bichos da selva
Se
puseram a correr
Era cada
um por si
Procurando
se esconder
Alguns desafortunados
Acabavam
sem abrigo
Tinha
até quem se escondia
Mesmo
junto do inimigo
Foi apenas
o urubu
Que
não saiu do lugar
Virou
para o rei leão
Bem
assim foi lhe falar
“Pois
que aprenda essa lição:
Em todo reino animal
Se tem morto que não fede
É porque algo cheira mal”