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03/03/2012

O LEÃO E O URUBU



O Leão e o Urubu


O leão fazia tempo
Andava muito irritado
Toda vez que punha a mesa
Via que algo era roubado

Sempre o mesmo acontecia
Pois em qualquer refeição
Um gatuno aparecia
E tirava uma porção

Mas foi quando percebeu
O urubu que era o ladrão
O leão se encheu de raiva
Quis pregar-lhe uma lição

E seria mesmo a última
Que o urubu teria em vida
Pois no próximo jantar
Ele seria a comida 
Eis um plano muito simples
O leão se fez de morto
Esticando-se no chão
Sem mexer nada do corpo

Não piscava nem os olhos
Nenhum pelo ele movia
Se assim fosse necessário
Esperava todo o dia

Foi um tempo de demora
E o urubu se aproximou
Mas bem perto do defunto
Deu uma volta e recuou

Pousou bem num tronco velho
E se pôs a observar
Como quem espera a fome
Sem ter pressa de jantar 
Bem assim permaneceram
O jantar servido à mesa
O urubu media o prato
E o leão de olho na presa

A visita do urubu
Sempre foi um mau sinal
Pois se um deles aparece
É porque tem funeral

Foi bem logo que atraiu
A presença dos vizinhos
E outros mais que ali passavam
Perto daqueles caminhos

Ao saberem que o defunto
Era mesmo o rei leão
A notícia se espalhou
E foi grande a confusão

Todo bicho que chegava
Ia ali se amontoando
Todos bem perto do morto
E outros mais iam chegando

Mas ninguém fazia preces
Nem lamento ou oração
Todo mundo ali queria
Era só retaliação

Bons motivos não faltavam
Alguns eram parecidos
O leão tinha matado
Parentes ou conhecidos

Foi da zebra a mãe e o pai
Foi do búfalo um irmão
O elefante tinha um filho
Que serviu de refeição

Até bem exageravam
Os motivos da vingança
O tigre falou de um fato
Lá dos tempos de criança

“Descansou-se numa sombra
Bem em cima do meu lar”
Ao lagarto isso bastava
Para também se vingar

Uma cobra reclamava
Da dentada do leão
Que lhe foi decapitar
Os dois pés e até uma mão

A dona onça reclamava
De um jantar que ela faria
No outro mês, mas o leão
Comeu antes noutro dia



Iam todos preparados
Tinham armas diferentes
Alguns iam com a pata
Outros iam com os dentes


O leão ao se dar conta
De que estava ameçado
Não quis mais nem disfarçar
Rugiu forte e bem zangado

Todos os bichos da selva
Se puseram a correr
Era cada um por si
Procurando se esconder

Alguns desafortunados
Acabavam sem abrigo
Tinha até quem se escondia
Mesmo junto do inimigo

Foi apenas o urubu
Que não saiu do lugar
Virou para o rei leão
Bem assim foi lhe falar

“Pois que aprenda essa lição:
Em todo reino animal
Se tem morto que não fede
É porque algo cheira mal
  

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